sexta-feira, 11 de maio de 2018

Relacionamentos Em Um Copo de Vinho

Um bom álbum da Nina Simone e uma garrafa de vinho, esses são os ingredientes para o começo deste texto. Nina Simone é uma personalidade fantástica que teve bastante impacto social nos anos 60, cujo eu me inspiro hoje em dia. Inclusive, recomento muito suas musicas e o seu documentário "What Happened, Miss Simone?" (tá disponível no netflix).

Escrever é uma dádiva que tenho me dedicado em certos momentos de minha vida, que sem perceber, acabei registrando acontecimentos bons e ruins dentro de um grande período de tempo. Esses eventos poderão estar por aqui mesmo depois de anos, talvez por anos até em que eu já não esteja mais fazendo parte daqui e absorvo isso como algo incrível. Além do mais, escrever também é algo muito relaxante para mim. Escrever funciona como uma válvula de escape para que os sentimentos não estourem aqui dentro.

Falando em sentimentos, podemos começar a falar sobre a minha atual vida amorosa? Isso costuma ser muito importante para as pessoas. Já não sei se considero importante para mim, pois após tantas frustrações e amadurecimento, acabei me convencendo que as pessoas hoje em dia não estão preparadas para seguir com um relacionamento, ou talvez apenas eu não esteja. Desmarcar encontros recorrentes em cima da hora, sair com pessoas que acabei de conhecer apenas para satisfazer minhas carências e evitar envolvimentos que começam a se tornar mais íntimos. Esta tem sido a minha forma de encarar relações amorosas.

Evitar de se envolver tem sido o meu escudo. Deixar sua alma ser tocada por qualquer pessoa pode trazer um grande estrago para ela. Porém, não estou imune a sentir aquele frio na barriga ao receber mensagens de uma pessoa. Tenho encontrado algumas pessoas, conversado e feito sexo casual, mas com uma pessoa em específico há algo que já senti algumas vezes mas não de forma comum. Vamos tentar entrar em contato com os conflitos que tenho em minha cabeça sobre está pessoa?

Ele consegue me induzir a vir me visitar mais vezes do que eu permitiria outra pessoa, ele diz gostar do mundo que criei em meu quarto, ele gosta de escutar as minhas histórias (Aliás, o que não é novidade para um Curitibano sobre uma vida no Rio de Janeiro, não é?), gosta de conhecer as minhas musicas e meus demais gostos, gosta de acariciar o meu cabelo enquanto escutamos Willow Smith e dividimos drogas ilícitas, gosta de acariciar a leve curvatura que há entre meu abdômen e minha virilha, diz amar a cor de minha pele e o formato de meus lábios.

Sua aparência e suas idéias também me agradam, ele é meu veterano na faculdade, o que eu poderia esperar? Além de já estar quase concluindo nosso curso e saber de quase tudo sobre os assuntos da faculdade, ele possui lindos cachos dourados, olhos azuis com um entorno avermelhado pelo uso de THC, uma barba loira e crespa cujo seu toque me causa arrepios e lábios que apesar de não serem tão grossos quanto os meus, consigo sentir toda a suavidade neles, tocando-os como se me levantassem e me tirassem de minha realidade. E é deitando sobre seu peito que consigo me sentir seguro mais uma vez.

Isso é positivo até eu pensar que essa pessoa de fato não pertence a mim, talvez nunca pertença, como todas as outras que já passaram pela minha vida e fizeram tal bem. Ninguém é dono de ninguém, não é mesmo? Pelo menos na teoria é fácil de se pensar dessa forma, mas nem sempre na prática conseguimos controlar essa nossa vontade de obter as pessoas como se fossem de fato nossas. Essa pessoa presente no atual momento em minha vida realmente é muito especial e me faz sentir bem, não excluo esse fato. Porém, já conversamos sobre nossa relação e entramos em um acordo quase vindo apenas de uma das partes sobre ser algo apenas casual.

Relacionamentos tanto amorosos quanto os demais são muito complicados. Treino e reflito todos os dias sobre como lidar com eles, só que ainda não me vejo capaz. São muitas questões sociais, econômicas e raciais envolvidas nessas relações. Fora que mesmo excluindo todos esses impedimentos, ainda sim é dificil lidar com a mente de outras pessoas. Dessa forma, o que consigo ter de fato como amigo, são o meu cigarro e minha taça de vinho. Companheiros que vão me matando lentamente, porém sem me beijar e me abandonar no final.


Por Wesley Belarmino.

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