segunda-feira, 15 de outubro de 2018

O medo da solidão

Sou cercado de amor, sempre fui assim. Sempre gostei de histórias de amor, sempre gostei de amar. Mas nunca fui amado de fato e isso justifica o título deste texto.

Sempre quis viver uma história de amor típica de cinema, sabe? Ou típica de um bom livro. Mas nunca vivi, sempre me rendi as migalhas das mais diversas pessoas que passaram na minha vida pelos últimos 21 anos.

E isso está me deixando com medo, com medo da solidão. Será que eu "fiquei pra titio"? Como dizem nas famílias quando a pessoa fica muito tempo solteira? Será que serei aquele tio solteirão? São perguntas das quais me faço diariamente afim de tentar entender o porquê de um jovem tão romântico nunca ter de fato vivido uma linda história de amor como sempre desejou.

Alguns irão dizer:"Ah, mas você é jovem, ainda irá encontrar o amor da sua vida". Talvez eu encontre, talvez, mas se eu não encontrar? Terei que aceitar o destino de ser o tio solteirão? Não que eu não goste da minha companhia, pelo contrário, amor próprio eu tenho. Mas tenho tanto amor que não acho justo guardar só comigo, eu quero poder transbordar outra pessoa com esse amor que eu tenho.

Eu quero encontrar alguém que me faça acreditar que o amor vale a pena (como eu mesmo digo quando aconselho algum amigo). No fundo eu só não quero me sentir sozinho, sabe?

Mas eu sei que o amor, aquele amor verdadeiro chega com o tempo. Então não adianta eu sair dando like pra qualquer pessoa no tinder, flertar com vários na rua,pedir ajuda aos amigos. Pois no fundo, bem no fundo, eu sei que quando for a minha hora alguém irá aparecer.

Até lá só me resta esperar...e claro, não deixar ser dominado pelo medo.

É isso, até o próximo post!

quarta-feira, 8 de agosto de 2018

A Maldição dos 6 Meses

Há uma maldição temporal em minha vida. Tudo ao começar, tem uma média de 6 meses para terminar. Parece pouco tempo, mas para uma pessoa da qual sua mente funciona de forma intensa, se passaram quase 6 anos por tantos acontecimentos registrados. São relacionamentos, hobbies, estudos, interesses em entretenimento... Tudo passa por meio dos 6 meses.

Para fundar a minha tese de que possuo essa maldição, olho para trás e analiso como as situações se repetem dentro desse prazo. Hoje é o dia do qual a última variável para meu estudo ocorreu. Dentre algumas decisões em minha vida e de terceiros, terei que mudar de casa e companheiro de lar. Lugar do qual boa parte das pessoas que rodearam a minha vida nesse momento fizeram parte.

No momento, está sendo uma dor terrível de deixar para trás um pedaço de minha história. Dentro desse quarto bagunçado eu me entorpeci, fiquei bêbado, fiquei chapado ao extremo, desmaiei e vomitei. Dentro desse quarto pequeno eu dormi, tive ótimos sonhos, tive péssimos pesadelos, tive acolhimento de braços amigos e tive ótimos momentos de larica. Dentro desse quarto apertado eu amei, amei meu amigo, aprendi mais um pouco a amar a mim mesmo e me apaixonei por um novo homem. Eu me apaixonei, mas dessa vez foi com responsabilidade e com respeito a mim, esse homem não me amava de volta, então entendi que ele não poderia ficar. Eu deixei ele ir, próximo á conclusão dos 6 meses.

A praga dessa maldição é a saudade, pois a saudade machuca. Porém, é preciso seguir com o caminho após o inicio de um outro ciclo, e nesse novo ciclo levarei comigo as memórias. A alegria, entusiasmo, vontade de tomar à frente e carência de atenção de meu amigo ficarão em meu coração. O toque, o beijo, o sexo e o carinho do homem que amei também carregarei no peito.


Agora, preciso estar aberto aos novos abraços, novos beijos e novos amores. A vida é uma grande jornada, então sente-se e aproveite a vibe.

Wesley Belarmino.

segunda-feira, 11 de junho de 2018

Sobre O Rio

Sobre o rio, eu me questiono:
Eu precisarei de uma pedra?
Não... Meu coração é pesado o suficiente,
Ele me levará para o fundo com certeza.

Sobre o rio, eu sorrio:
Vou sentir falta de tudo?
Não... Estarei orgulhoso em deixar para trás...
E nunca mais voltar.

Sobre o rio, eu fecho meus olhos:
Um pulo e eu estarei lá?
Não... Alguém pulou antes de mim...
E ele nunca será meu amigo.

Sobre o rio, eu penso:
Vou pular novamente?
Não... Por trás das portas fechadas
Me apaixono novamente pelo meu ser.



******

Essa é uma tradução/adaptação de um de meus poemas favoritos em seu nome original Standing By The River, por Agnieszka Surygala. O poema foi feito exclusivamente para um game do qual eu adoro chamado Cat Lady e aborda o conflito de uma mulher ao se questionar se deve ou não cometer um suicídio.

Falar sobre sentimentos e sobre como podemos cair em buracos na vida é algo que me atrai, porém gostaria de deixar claro que não estou aqui para fazer apologia ao suicídio. Quando estamos em um buraco, muitas vezes não conseguimos ver uma saída, só que muitas vezes a saída é apenas aguardar o dia seguinte e viver um após o outro. Se você tem algum pensamento do tipo, peço que por favor, procure ajuda! Nós estamos juntos nessa! Abraços!

sexta-feira, 25 de maio de 2018

Situações Embaraçosas Envolvendo Sexo 01

Estive lembrando como eu sou uma pessoa tapada e que não perco as oportunidades de passar vergonha nem em momentos que envolvem sexo. Então resolvi contar um pouco sobre essas experiências em forma de episódios, pois imagino que outras pessoas podem se identificar ou apenas se entreter com elas. Enjoy!

Eu não sei o seu nome

Eu estava me arrumando para uma noite de balada com meus amigos e de fato aquela noite prometia. Um de meus crushs supremos estaria por lá. Nós já havíamos conversado algumas vezes e inclusive já tínhamos nos beijado. Aqueles lábios carnudos e aqueles cachos negros conjuntos de uma barba crespa me faziam arrepiar, aquela noite havia de ser o momento que ficaríamos mais íntimos.
­— Vamos arrasar por lá, Wesley! — Disse uma amiga enquanto nos arrumávamos em um mesmo espelho de um quarto bagunçado.

Chegando lá, música alta, pessoas dançantes com copos fluorescentes de bebida, luzes verdes e azuis piscando para todos os lados e o lugar era escuro para dar o clima à vida noturna. Estava sendo puxado pelas mãos por um de meus amigos me direcionando ao bar que ficava ao lado da pista de dança, estávamos em cinco pessoas, mergulhávamos dentro da fumaça que estava cobrindo o local.
Pegamos nossos primeiros drinks, era algo como vodka com energético sabor de maracujá (cada um com seu gosto, amores). Tomávamos um, dois, três ou quatro copos quase que simultaneamente enquanto dançávamos como se estivéssemos flutuando na pista de dança.

Dentre aquelas reboladas e piruetas coreografadas com os amigos, consegui visualizar do outro lado da pista entre a fumaça existente ali o tal crush supremo. Ele estava lindo com aquele suéter preto combinado com seu chapéu de aba curta. Ele também me viu. Trocamos olhares e ele saiu da pista de dança, sumindo dentre a fumaça. Eu entendi o recado, então, me afastei de meus amigos e fui atrás dele.

Chegando na cobertura da casa noturna, consegui identificar sua silhueta encostada na grade da sacada enquanto fumava um cigarro. A vista dali é muito bonita. Pode-se enxergar alguns prédios históricos conjuntos de prédios bem maiores e modernos, cujo em meio a noite, aparentavam carregar estrelas.

Será que eu já estava bêbado o suficiente para mostrar toda a confiança que só a bebida pode me trazer? — Eu pensei. — Talvez eu realmente estivesse, ou simplesmente acreditei na ideia de estar.
— Olá! Sentiu saudades? — Eu disse enquanto acendia o meu cigarro.
— Oi, Wesley! Você é sempre tão convencido, né? — Ele perguntou com uma risada leve, porém sarcástica.
— Talvez... — Respondi enquanto dava minha recorrente virada de olho. Eu utilizo essa resposta quando não sei responder ou não quero dizer a verdade. A verdade é que ele só conversou comigo das vezes em que eu estava bêbado, então ele não tinha noção da pessoa tímida e sem confiança que realmente sou.
— Eu vim com meus amigos. E você? Está acompanhado? — Perguntei esperando que, por mais que estivesse, daria esperança de ficar comigo no fim da noite.
— Que legal! Eu vim com meus amigos da faculdade. Estamos aproveitando o momento de folga com o fim do período de provas. Gostaria de se juntar com a gente? — Quando ele disse isso com um sorriso bem sincero em seu rosto eu senti que de fato eu conseguiria concluir o meu objetivo da noite. Eu iria passar o resto da noite com ele, e a partir do momento em que tornássemos mais íntimos poderíamos começar a namorar e programar a nossa vida de casal.
— Eu adoraria! Só preciso ficar mais um pouco com meus amigos, tudo bem? — Eu puxei levemente o seu rosto com as minhas mãos e lhe dei um beijo na bochecha. Um beijo suave no rosto é uma forma de ser difícil, porém demonstrando que há um interesse. Funciona quase sempre.
— Tudo bem. Nos vemos logo, gato! — Ele disse e deu uma piscada com o olho direito. Meu coração disparou ao observar os seus olhos negros como o céu daquela noite.

Eu voltei para a pista e mal chegando fui puxado pelos meus amigos com suas caras de julgamento — eles sabiam o que provavelmente eu teria feito na ausência deles.
— Onde você estava, Wesley? — Disse um de meus amigos sorrindo e gritando, porém quase não conseguia ouvi-lo por conta da música alta.
— Lembra daquele crush que te mostrei no fim de semana passado? — Também gritava para que eles conseguissem ouvir, mas dentre a conversa, não parávamos de dançar.
— O cara dos cachos? — Os rostos deles demonstravam surpresa.
— Siim! Ele é lindo demais!
— Precisamos comemorar! Vamos para o bar, gente! — Entre os meus amigos, tudo é motivo de comemoração e quase toda comemoração envolve bebida.

Todos compramos nossos shots de tequila. Olhávamos uns para os outros com um ar de concordância com o que estava para vir. Contagem regressiva e...


— Viva a nós! — Gritamos e tomamos com um gole só a bebida quente que havia naqueles minis copos. As risadas e a musica começava a se misturar e esvaecer em minha mente. Dançava e sentia meu corpo leve como se ali só houvesse meu espirito. Minha visão estava se tornando cada vez mais fosca até que...

***********************

Fui abrindo lentamente os meus olhos, minha cabeça doía como se estivesse levando pontadas dentro de meu cérebro. Ao abrir os olhos, a imagem que estava a minha frente foi gradativamente ficando nítida e pude perceber uma porta com um pôster da banda Paramore, eu estava no meu quarto. Havia várias roupas jogadas no chão — O que aconteceu ontem à noite? Eu me perguntava. — Percebi que haviam mais peças de roupas do que eu estava vestindo, quando de repente, senti uma mão macia envolvendo a minha cintura.

Ótimo! Apesar de não me lembrar de muita coisa, eu consegui meu objetivo. Estávamos ali de corpos nus. Não pude imaginar que seria tão bom sentir seus braços em cima de mim, então tirei sua mão de minha cintura e envolvi seu braço ao meu redor. Fechei os meus olhos e só apreciei o momento por alguns minutos.

Quando abri meus olhos novamente percebi que os seus óculos estavam em cima de minha estante. Peraí! Os seus óculos? Não me recordo de que ele usava óculos. Eu lentamente tirei seus braços de cima de mim e fui me virando lentamente para vê-lo. — imagine o suspense desse momento — E quando me virei para o seu rosto... Cadê os cachos? Ali haviam cabelos lisos e castanhos. O seu rosto também não era lá um dos que costuma me atrair. Droga! Eu não acredito que além de perder minha memória estava deitado com outra pessoa na cama e aliás... quem era aquela pessoa?

Ele acordou, abriu os seus olhos, me olhou com um sorriso no rosto e me beijou, enquanto eu estava congelado com o choque que estava presenciando no momento.
— Você dormiu bem? — Ele perguntou com uma voz de sono.
— Sim. Eu acho que sim. Haha! — Eu respondi deixando evidente o meu desconforto. Será que eu deveria falar para ele que não me lembro de nada ou fingir que me recordo de tudo? — Você também dormiu bem?
— Sim, foi ótimo dormir com você. — Essa resposta foi um soco em meu estomago.
— Que ótimo! Haha! — Eu não consigo disfarças meus sentimentos, então eu começo agir de forma muito estranha enquanto estou desconfortável. — Vamos vestir nossas roupas e tomar um café? O que acha? Haha!

Depois daquele evento constrangedor, estávamos vestidos sentados na mesa da minha cozinha. Eu estava servindo o café da manhã enquanto bolava formas de tentar descobrir o que aconteceu na noite anterior sem parecer um completo idiota.
— Então, a noite de ontem foi ótima, né? Haha! — Eu disse esperando receber respostas.
— Sim! Nós dançamos muito, aliás, você dançando é demais! — Ele disse expressando a sua euforia.
Peguei discretamente o meu celular para olhar as mensagens, e lá haviam mensagens de apenas dois de meus amigos, questionando “Kd vc sua louca?” e “Wesley, onde você se enfiou?”. O pensamento “Eu não deveria ter ficado tão louco” dominou a minha cabeça.

Decidi ser sincero para poupar ele e eu mesmo de tal calamidade que é omitir as coisas.
— Olha, não me leve a mal, por favor! Mas, qual é o seu nome? Eu bebi muito ontem e não consigo me recordar. — Franzi as minhas sobrancelhas mostrando que estava me sentindo culpado pela situação.
— Meu nome é Wagner. Eu entendo você! Também não me recordo de seu nome. Você se lembra de como nos conhecemos ontem a noite? — Eu não sei se ele realmente havia esquecido meu nome ou se sentiu no direito de mentir sobre isso para não parecer que ficou para trás.
— Desculpa, mas não me recordo de quase nada do que aconteceu. Só consigo ter alguns flashs de memória em minha cabeça. Aliás, eu sou o Wesley. É um prazer conhecê-lo. Haha!
— É uma pena você não se lembrar, pois dos momentos que me lembro, sinto que foram maravilhosos e adoraria repeti-los.

Bom, depois do ocorrido o crush supremo não quis mais saber falar de mim e até hoje não lembro o que de fato ocorreu naquela noite. Sobre o Wagner, após o café da manhã, ele me fez recordar dos momentos que tivemos juntos naquela noite umas 2 ou 3 vezes. Só que nosso relacionamento não durou mais que dois fins de semana até eu descobrir o babaca que ele era. A vida é cheia desses momentos aleatórios cujo adoro ver como algo cômico.

Fico por aqui e retorno com novas histórias do tipo. Prometo melhorar e praticar mais minha escrita. Se gostou desse tipo de postagem me informem, preciso de um respaldo, por favor! Até a próxima!


Por Wesley Belarmino

quinta-feira, 24 de maio de 2018

Não se entregue!

Oi, gente!

Fazia tanto tempo que não escrevia para o blog, mas hoje bateu saudades e nem falei com o Wesley que iria escrever.

É tão difícil falar sobre isso, mas tentarei contar do começo.

Há uns 5 anos eu percebi que alguma coisa na minha vida estava diferente, há 5 anos a depressão deu os primeiros sinais na minha vida. Só que eu sempre ouvi da minha família que aquilo era "bobeira", portanto nunca fui atrás de ajuda.

Há menos de um ano as coisas pioraram e sem saber muito o que fazer, eu pedi ajuda para algumas amigas, que me aconselharam a procurar ajuda psicológica. E eu mais uma vez não fui atrás da ajuda necessária, posteguei, não por achar bobeira, mas por não ter forças realmente de ir atrás.

Há menos de um mês aconteceram inúmeras coisas na minha vida e eu precisei pedir ajuda. Pois percebi que não era normal uma pessoa sentir vontade de se matar todos os dias, não conseguir sair da cama, não conseguir mais sorrir.

Há uma semana, enfim eu consegui recorrer a ajuda psicológica, quando cheguei no extremo dos problemas da minha vida. Ou eu recorria a uma ajuda ou eu me jogava do primeiro precipício que estivesse na minha frente.

A mensagem que eu quero deixar nesse texto é: sempre peça ajuda, depressão é coisa séria, não faça como eu que só pedi ajuda depois de uma tentativa de suicídio. Procure ajuda, grite, desabafe, mas não se entregue a depressão.

É isso, a gente se encontra em algum post qualquer hora dessas.

P.s: A imagem que ilustra essa publicação é do filme "Com Amor, Simon" que representa um pouco do que estou passando.


sexta-feira, 11 de maio de 2018

Relacionamentos Em Um Copo de Vinho

Um bom álbum da Nina Simone e uma garrafa de vinho, esses são os ingredientes para o começo deste texto. Nina Simone é uma personalidade fantástica que teve bastante impacto social nos anos 60, cujo eu me inspiro hoje em dia. Inclusive, recomento muito suas musicas e o seu documentário "What Happened, Miss Simone?" (tá disponível no netflix).

Escrever é uma dádiva que tenho me dedicado em certos momentos de minha vida, que sem perceber, acabei registrando acontecimentos bons e ruins dentro de um grande período de tempo. Esses eventos poderão estar por aqui mesmo depois de anos, talvez por anos até em que eu já não esteja mais fazendo parte daqui e absorvo isso como algo incrível. Além do mais, escrever também é algo muito relaxante para mim. Escrever funciona como uma válvula de escape para que os sentimentos não estourem aqui dentro.

Falando em sentimentos, podemos começar a falar sobre a minha atual vida amorosa? Isso costuma ser muito importante para as pessoas. Já não sei se considero importante para mim, pois após tantas frustrações e amadurecimento, acabei me convencendo que as pessoas hoje em dia não estão preparadas para seguir com um relacionamento, ou talvez apenas eu não esteja. Desmarcar encontros recorrentes em cima da hora, sair com pessoas que acabei de conhecer apenas para satisfazer minhas carências e evitar envolvimentos que começam a se tornar mais íntimos. Esta tem sido a minha forma de encarar relações amorosas.

Evitar de se envolver tem sido o meu escudo. Deixar sua alma ser tocada por qualquer pessoa pode trazer um grande estrago para ela. Porém, não estou imune a sentir aquele frio na barriga ao receber mensagens de uma pessoa. Tenho encontrado algumas pessoas, conversado e feito sexo casual, mas com uma pessoa em específico há algo que já senti algumas vezes mas não de forma comum. Vamos tentar entrar em contato com os conflitos que tenho em minha cabeça sobre está pessoa?

Ele consegue me induzir a vir me visitar mais vezes do que eu permitiria outra pessoa, ele diz gostar do mundo que criei em meu quarto, ele gosta de escutar as minhas histórias (Aliás, o que não é novidade para um Curitibano sobre uma vida no Rio de Janeiro, não é?), gosta de conhecer as minhas musicas e meus demais gostos, gosta de acariciar o meu cabelo enquanto escutamos Willow Smith e dividimos drogas ilícitas, gosta de acariciar a leve curvatura que há entre meu abdômen e minha virilha, diz amar a cor de minha pele e o formato de meus lábios.

Sua aparência e suas idéias também me agradam, ele é meu veterano na faculdade, o que eu poderia esperar? Além de já estar quase concluindo nosso curso e saber de quase tudo sobre os assuntos da faculdade, ele possui lindos cachos dourados, olhos azuis com um entorno avermelhado pelo uso de THC, uma barba loira e crespa cujo seu toque me causa arrepios e lábios que apesar de não serem tão grossos quanto os meus, consigo sentir toda a suavidade neles, tocando-os como se me levantassem e me tirassem de minha realidade. E é deitando sobre seu peito que consigo me sentir seguro mais uma vez.

Isso é positivo até eu pensar que essa pessoa de fato não pertence a mim, talvez nunca pertença, como todas as outras que já passaram pela minha vida e fizeram tal bem. Ninguém é dono de ninguém, não é mesmo? Pelo menos na teoria é fácil de se pensar dessa forma, mas nem sempre na prática conseguimos controlar essa nossa vontade de obter as pessoas como se fossem de fato nossas. Essa pessoa presente no atual momento em minha vida realmente é muito especial e me faz sentir bem, não excluo esse fato. Porém, já conversamos sobre nossa relação e entramos em um acordo quase vindo apenas de uma das partes sobre ser algo apenas casual.

Relacionamentos tanto amorosos quanto os demais são muito complicados. Treino e reflito todos os dias sobre como lidar com eles, só que ainda não me vejo capaz. São muitas questões sociais, econômicas e raciais envolvidas nessas relações. Fora que mesmo excluindo todos esses impedimentos, ainda sim é dificil lidar com a mente de outras pessoas. Dessa forma, o que consigo ter de fato como amigo, são o meu cigarro e minha taça de vinho. Companheiros que vão me matando lentamente, porém sem me beijar e me abandonar no final.


Por Wesley Belarmino.

segunda-feira, 30 de abril de 2018

O Mulato

Conforme vamos amadurecendo, vamos passando a perceber quem somos e qual espaço ocupamos na sociedade. Eu particularmente não costumava parar para pensar sobre minha descendência, pois achava que era algo que não era relevante para minha existência. Talvez, isso seja porque a minha família não soube me passar essa vontade de manter um legado, coisa que algumas famílias costumam ter. Só que hoje consigo ter a ciência que isso é muito importante para o meu conhecimento próprio.

Conheço um pouco da história de família da minha mãe. Nossa família veio da Itália com as imigrações massiva dos italianos no final do século XIX. Entendo que meus descendentes por parte de minha mãe foram expulsos da Europa pelo crescimento demográfico no processo de industrialização. Minha família não era muito importante, mas eu consigo seguir uma linha temporal de registros para encontrar alguns antepassados de minha família por parte materna. Tenho feito isso ultimamente para tentar me conhecer um pouco.

Porém, onde eu quero chegar com essa questão é que: a minha descendência paterna (cujo é afrodescendente) foi apagada. Eu sequer sei como a minha família por parte paterna chegou no Brasil. Digo, sei como chegou e que não chegou em boas condições, porém existem 54 países no continente africano com culturas e histórias diferentes, e eu não tenho a menor ideia de onde eles vieram. Como foi a história deles? Eles provavelmente foram massacrados e tratados como qualquer coisa por outras etnias, foi uma galera que foi tratada como lixo! Até o momento, eu só sei disso.

É dificil olhar para trás e tentar entender tamanha perversidade nos atos que foram atuados contra meu povo. Isso são coisas que não aconteceram em menos de um século pra trás e isso não é muito tempo. Além do mais, temos cicatrizes desses acontecimento que carregamos em nossa sociedade e que estão o tempo todo tentando silenciá-las ao invés de saná-las, como se o que ocorreu fosse algo que pudesse ser apenas ignorado. 

Enfim, poderia usar o momento para problematizar muito neste texto, só que não é a minha intenção no momento. Só gostaria de tentar passar um pouco da minha visão de vida para vocês, pois está é a intenção do meu blog pessoal. E dizendo por mim, como uma pessoa mestiça, eu me importo e sofro por meus irmãos e irmãs de minha comunidade negra da qual, sim, eu faço parte.

Alguns podem tentar me salvar dessa minha característica, dizendo coisas como "Aah... mas você não é tão negro assim...", como se ser negro fosse algo que te 'denegrisse'. Ou até tentar me excluir do movimento por eu ser beneficiado por ter uma pele clara, como se o fato de eu ter uma pele clara me isentasse totalmente de sofrer preconceito ou de me preocupar com a história dos meus antepassados. Sim, entendemos que há um impacto diferente da sociedade na vida de pessoas negras com pele mais clara para pessoas negras com pele mais escura, só que isso não isenta o meu protagonismo dentro do movimento.

Eu sinto que as pessoas me tratam de forma diferente muitas vezes e você consegue perceber que é por conta da cor da pele. Já fui muito sexualizado, como sendo apenas uma pessoa legal para se ter um bom coito, porém não sendo uma possibilidade de envolvimento amoroso na vida da maioria das pessoas com que já me envolvi. De fato, não há idealização de um relacionamento saudável com pessoas negras em na nossa sociedade atual. 

Agora, não sou afetado só nisso, né? Tem aquelas corridinhas que a gente dá para pegar o ônibus ou não chegar atrasado em algum lugar e as pessoas ao redor acabam ficando com medo de ser assaltadas por você. Realmente da vontade de assaltá-las só pra elas deixarem de ser toscas, pois isso é algo muito chato pra mim. E vou percebendo mais ataques como esse conforme eu deixo as minhas características negras mais expostas, como por exemplo, tenho deixado o meu cabelo crescer e ele é crespo, automaticamente as pessoas não respondem isso de forma positiva.

Bom, a mensagem pro dia de hoje, é que tentemos entender mais o próximo e principalmente nossos familiares. Todos nós temos a nossa construção como pessoa, e isso não começa apenas de nós mesmos. Muita coisa que carregamos vem lá de trás, muito antes de nossos pais. Então, por mais que tenha coisa que as pessoas fazem que acabam incomodando, temos que tentar entender que as atitudes veem de construção social. Obvio que isso não isenta a pessoa de ser corrigida, temos que evoluir, ok? Só sejam pacientes e não deixem a sua história ser esquecida.



E você? O que tem a me dizer sobre sua história? Consegue se conhecer um pouco mais através dela?

Por Wesley Belarmino!

segunda-feira, 16 de abril de 2018

A Favela Me Trouxe Uma Adolescência Fora do Convencional

Ser gay e negro não são as únicos fatos sobre mim que puderam me providenciar uma experiência fora da forma padrão de se ter uma adolescência. Eu cresci em um favela do interior do Rio de Janeiro e isso apesar de ter criado a personalidade incrível que tenho hoje (sendo bem modesto), me gerou um desconforto desde o início de minha criação, tanto a ponto de até hoje eu ainda me sentir desconfortável em falar sobre.

Eu cheguei a nascer em uma casa de classe média, só que ao completar cerca de 2/3 anos, os meus pais se separaram e minha mãe teve de correr para as asas de sua mãe (minha vó) para sobreviver em sua nova realidade de mãe solteira de dois filhos. A minha vó era uma mulher solitária, que também teve de criar seus 3 filhos em um dificil mundo machista que podava as suas esperanças de crescimento socioeconômico.

Minha vó, morava em uma casa em um lugar isolado na favela. Haviam campos em volta de nossa casa, era uma casa sem reboco nas paredes e com janelas pequenas de metal. Eu cresci nesse lugar. Não haviam vizinhos muito próximos, e os mais próximos, não davam a minima para nossa existência naquele local. Os meus parentes também evitavam aparecer em um lugar como aquele, então a casa era mais um local intimo onde só haviam eu, meu irmão, minha mãe e minha vó.

Durante a minha fase de escola, os meus colegas de classe sempre questionavam onde eu morava, pois todos eles moravam próximos uns aos outros ou no minimo já tinham se visitado. Porém, eu tentava dizer o minimo possível para esconder onde eu realmente morava, pois sabia que aquele seria mais um fardo se carregar durante a escola. Eu sabia o que diziam sobre aquelas pessoas que moravam na favela.

Quando vamos amadurecendo, vamos aos poucos aceitando quem realmente somos e de onde viemos. Precisamos passar por essas etapas para nos encontrar de fato. Eu sempre soube que era gay e me assumir para a sociedade e para os meus pais foi algo pouco complicado. Eu demorei para me entender como uma pessoa negra, pois o fato de ser mestiço fez com que o meu entendimento como pessoa negra fosse um processo dificil, aliás, essa sociedade faz com que queiramos nos "salvar" dessa característica.

Agora, me entender como um favelado, criado na favela, é uma visão que ainda está se desconstruindo em minha mente. Isolei-me de mais das pessoas por conta disso, uma coisa tão simples. É apenas o lugar onde eu cresci. Obviamente eu tive uma formação diferente das pessoas que foram criadas em outras realidades, mas a minha carga cultural pode ser tão interessante quanto de qualquer outra pessoa.

Apesar desse fardo que tinha que carregar, hoje consigo ver que foi um fardo desnecessário. Eu não vivi muito da favela pois estava sempre isolado dentro de casa. Porém, a vista do local é algo de que me recordo, e eu adorava ficar observando carros minúsculos nas avenidas que passavam próximas a favela onde habitava. Também a experiência de descer os morros de bicicleta, isso era algo cativante de fato.

Talvez se eu fosse uma criança mais resolvida, eu seria uma criança menos solitária. Gostaria de voltar no tempo e me dizer "aceite as suas raízes e assim tudo será enfrentado de forma leve." Será esse sentimento de vergonha criado apenas pela sociedade cruel que está sempre nos fazendo culpados por não nos encaixarmos nas caixinhas sociais, ou seria a culpa de uma má criação, que infelizmente não me fez entender de maneira correta o que eu realmente era?

Hoje, estou em busca de autoconhecimento. Preciso retornar ao passado e me encontrar, para que assim, eu possa voltar a prosseguir em direção ao futuro. Como posso continuar minha caminhada sem entender para onde estou indo, né?


Você também possuem algo que ainda não aceitam em vocês mesmos? Algo de sua história que tem vergonha de contar? Compartilhe nos comentários. Adoraria saber que não estou sozinho.

Por Wesley Belarmino.

sexta-feira, 9 de março de 2018

O Ser Adulto

Será que já posso me considerar um adulto após os 18 anos? Bom, há um recente artigo científico que aponta que na verdade, por conta do amadurecimento completo do corpo que costuma durar até os 25 anos, a adolescência pode durar até os 24 anos. (Link) É uma pena que na prática eu já possa me considerar um adulto, pois nossa cultura atual nos empurra ao amadurecimento e responsabilidades mais rígidas a partir dos 18 anos.

O engraçado é que em minha época de adolescência (a imposta por nossa cultura atual), eu adoraria virar logo um adulto para poder fazer o que eu quero, morar sozinho e comprar o que quiser com o dinheiro que eu ganhasse. E o que mudou de lá pra cá? Eu descobri que podemos fazer o que quisermos, porém nossas palavras e escolhas têm drásticas consequências. Morar sozinho é um bosta às vezes. Não da pra comprar o que quiser quando se ganha pouco e você deve administrar bem o seu dinheiro, pois você pode ficar com fome ou sem luz.

Talvez algumas pessoas não passem por isso, pois eu vejo muitos amigos que com seus 24 anos ainda seguem morando e sendo sustentados pelos seus pais. Infelizmente eu não tive sorte de ter uma família que pudesse me sustentar, ou seja, querendo ou não eu deveria começar a me virar já cedo.

Ok! Também há as coisas boas em ser adulto. Posso até reclamar bastante sobre as responsabilidades, as vezes é muito chato ter que levantar da cama para resolver a sua própria vida, mas no fim do dia... acredite... sempre há aquela sensação de "Uau! Como eu sou adulto!". Confesso que é uma sensação maravilhosa! E não nego que eu mudei de cidade e sai da casa dos meus pais muito cedo, pois eu estava buscando esse tipo de coisa. Eu precisava ter o meu espaço como eu tenho agora. Sair sem dar satisfação para ninguém, chamar os meus amigos e amantes para fazer um rolê em minha casa sem ser questionado. Isso é sensacional!

A unica coisa hardcore nessa nova fase de vida, é que a partir de ser considerado adulto, você toma noção do que é realmente ser uma pessoa. Como se quando você fosse criança/adolescente as pessoas te vissem como apenas uma criança ou um adolescente. Agora, como adulto, cada atitude que você tomar ou palavra que você disser, as pessoas vão designar um julgamento a você. Ou seja, cada atitude traz consigo uma cadeia de consequências. Então, para você que está chegando nessa idade, tome muito cuidado!


Nunca tenha medo de errar, os erros viram e você vai aprender com eles. Só que a precaução nunca é demais. Tome conta de sua vida, tome conta de você, não seja processado e não mate ninguém. A partir de agora, a vida é sua!








Por Wesley Belarmino.