quinta-feira, 5 de setembro de 2019

Cicatrizes da Estrutura


Me questiono sobre como as coisas foram chegar até aqui. A resposta é clara. Sabemos que essas estruturas existem para nos manter na posição que nos foi designada. O garoto pobre da favela deve continuar sendo o pobre favelado.

Tomar consciência da existência dessas estruturas que servem para o extermínio, majoritariamente do meu povo negro, é não só doloroso como também traz um grande fardo que é a sede de mudança. Hoje, sei o que é viver uma vida digna, entendo que por muito tempo ela nos foi negada, e desejo que a partir de um futuro próximo, não só eu como todos os meus semelhantes possam ter acesso aos direitos básicos necessários para existir como um ser digno.

Mas deveria eu carregar esse fardo?

Vejo muitos dos meus lutando bravamente e conseguindo burlar as estruturas, mas eu não consigo encontrar apoio suficiente para avançar. Sei que todos temos nosso tempo, nossas individualidades, mas não quero ser daqueles que movimenta pequenos tijolos, precisamos nos apressar e construir grandes passos de mudanças.

Precisamos de união, inteligência, empreendimento, organização... Eu preciso produzir

Produzir

Produzir

Produzir

Produzir

Esse desejo me consome. Há necessidade de procurar meios de desenvolver minhas ideias, mas são tantas, tantas possibilidades e estou perdido. Ao tentar um dos caminhos, não consigo força suficiente para fazê-lo. Eu estudo isso, estudo aquilo, mas no final, não serve de nada. Não consigo me aprofundar. Minhas decisões escoam entre meus dedos como se meu corpo e minha mente não conseguissem entrar em comunhão.

Falam-me sobre eu ser uma pessoa forte e inteligente. Eu adoraria acreditar. Sou um grande impostor. O jovem que deseja muito e é pouco.

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