Me questiono sobre como as coisas foram chegar até aqui. A
resposta é clara. Sabemos que essas estruturas existem para nos manter na
posição que nos foi designada. O garoto pobre da favela deve continuar sendo o
pobre favelado.
Tomar consciência da existência dessas estruturas que servem
para o extermínio, majoritariamente do meu povo negro, é não só doloroso como
também traz um grande fardo que é a sede de mudança. Hoje, sei o que é viver
uma vida digna, entendo que por muito tempo ela nos foi negada, e desejo que a
partir de um futuro próximo, não só eu como todos os meus semelhantes possam
ter acesso aos direitos básicos necessários para existir como um ser digno.
Mas deveria eu carregar esse fardo?
Vejo muitos dos meus lutando bravamente e conseguindo burlar
as estruturas, mas eu não consigo encontrar apoio suficiente para avançar. Sei
que todos temos nosso tempo, nossas individualidades, mas não quero ser
daqueles que movimenta pequenos tijolos, precisamos nos apressar e construir
grandes passos de mudanças.
Precisamos de união, inteligência, empreendimento,
organização... Eu preciso produzir
Produzir
Produzir
Produzir
Produzir
Esse desejo me consome. Há necessidade de procurar meios de
desenvolver minhas ideias, mas são tantas, tantas possibilidades e estou
perdido. Ao tentar um dos caminhos, não consigo força suficiente para fazê-lo. Eu
estudo isso, estudo aquilo, mas no final, não serve de nada. Não consigo me
aprofundar. Minhas decisões escoam entre meus dedos como se meu corpo e minha
mente não conseguissem entrar em comunhão.
Falam-me sobre eu ser uma pessoa forte e inteligente. Eu
adoraria acreditar. Sou um grande impostor. O jovem que deseja muito e é pouco.
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